Os dois filhos e a nora do idoso de 75 anos, que foi deixado na calçada em frente à casa de um deles em Montenegro, no Vale do Caí, estão enfrentando acusações da Polícia Civil.
Segundo o delegado André Roese, o inquérito foi encerrado nesta semana, e os familiares da vítima serão indiciados com base nos artigos 98 (relativo ao abandono em hospitais, casas de saúde ou instituições de longa permanência) e 99 (relativo à exposição a riscos à integridade e à saúde física ou mental do idoso, sujeitando-o a condições desumanas ou degradantes, ou negando-lhe alimentos e cuidados essenciais) do Estatuto do Idoso.
Se forem considerados culpados pelo primeiro delito, a pena varia de três meses a três anos de prisão, além de multa. No caso do segundo crime, a pena prevista é de dois meses a um ano de prisão, também sujeita a multa.
Em agosto, um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais mostrou um dos filhos chegando à frente da casa do irmão com seu pai. O indivíduo desceu do veículo, retirou uma cadeira de praia do porta-malas, colocou a vítima nela e partiu.
O idoso passou várias horas aguardando em frente à residência até que outro filho finalmente o trouxe para dentro da casa. De acordo com Roese, o filho e sua esposa estavam presentes na residência no momento dos acontecimentos, mas não acolheram a vítima, aparentemente esperando que o irmão viesse buscá-lo novamente. O delegado ressalta que o idoso foi mantido em situações humilhantes do lado de fora da casa, quando poderia ter sido imediatamente acolhido pelo residente.
Segundo o delegado, os filhos e a nora do idoso estavam envolvidos em um conflito constante de responsabilidades há anos, especialmente no que diz respeito aos cuidados com o idoso, que enfrentava dificuldades de locomoção devido a um acidente vascular cerebral isquêmico. Além disso, as questões financeiras também contribuíam para a situação, já que os gastos superavam o valor da aposentadoria do idoso.
A investigação descobriu que um mês antes do incidente de abandono que chamou a atenção após a divulgação do vídeo, o filho que morava na casa havia levado o pai ao hospital. Durante o período em que o idoso estava hospitalizado, o filho viajou até a fronteira do estado, possivelmente numa tentativa de pressionar o irmão a assumir a responsabilidade pelos cuidados com o pai.
O delegado Roese enfatiza a necessidade de punições rigorosas em casos como esse. Ele observa que, embora os conflitos familiares possam oferecer uma explicação, não justificam de forma alguma as condições degradantes impostas a um idoso, especialmente quando os próprios relatos dos filhos indicam que ele sempre desempenhou bem o papel de pai.
A vítima agora está recebendo cuidados em uma clínica geriátrica. A denúncia da Polícia Civil foi encaminhada ao Ministério Público, que, caso aceite, encaminhará o caso ao Tribunal de Justiça para as devidas providências.