O início do caminho à beatificação do padre Léo

Famoso por conta de suas pregações, Léo Tarcísio Gonçalves Pereira, conhecido pelos seus adoradores como ‘padre Léo’, é conhecido por ser o grande fundador da Comunidade Bethânia, se consagrando como um sacerdote capaz de reunir multidões pelos lugares onde passava. Sendo um integrante da renovação carismática, o religioso ganhou destaque por suas apresentações no programa ‘TV Canção Nova’. Possuindo uma belíssima história de superação, padre Leo faleceu aos 45 anos de idade, em 2007, após ser acometido de um câncer.

 O responsável por sua sucessão e presidente da Comunidade Bethânia, padre Vicente de Paulo Neto, bem como o postulador da causa de beatificação, padre Lúcio Tardivo, disseram com emoção a maneira alegre e diferenciada de evangelizar através do uso de histórias, piadas, parábolas e causas da roça que o religioso usava, sendo considerado, por muitos, como um “humorista de Deus”. 

Léo deu início à sua atuação em prol dos dependentes  químicos como diretor do colégio São Luiz, no município de Brusque (SC) e no exercício de sacerdócio. De acordo com os relatos publicados por padre Vicente, através das vivências ao lado dos adolescentes, crianças e seus familiares, Padre Léo pôde constatar a necessidade de fundar um local que pudesse proporcionar um novo modo de viver. Desta forma, durante o ano de 1995, ele fundou a ‘Comunidade Bethânia – a Casa dos Amigos de Jeuss’, localizado em São João Batista (SC).

Vocação sacerdotal e vício

O interesse do religioso pela igreja teve início quando ainda era criança, momento que realizava brincadeiras de celebrar missas no quintal de sua residência. De acordo com as informações de padre Vicente, Léo pôde atuar como catequista, contudo, apesar de sua aproximação com a igreja, passou por experiências com substâncias ilícitas. Padre Léo aprendeu a fumar através de seus avós, no ano de 1973 e, após, iniciou o uso de maconha ao lado de amigos. O vício teve um ponto final quando decidiu seguir com sua vocação sacerdotal, durante o ano de 1981. Apesar de deixar o uso da maconha de lado, ele ainda continuou com o cigarro até 1998.

 Entrando no noviciado do Seminário Dehoniano, localizado no município de Lavras, em Minas Gerais, o padre ainda fez o noviciado em Jaraguá do Sul, além de estudar filosofia na cidade de Brusque. Padre Léo começou a atuar no cargo de diretor pedagógico no Colégio São Luiz, localizado em Brusque, no ano de 1991, atuando até o ano de 1998. Neste período, ele pôde criar a capela do Espírito Santo através do colégio, realizando a celebração da missa às 22h e atendendo trabalhadores e jovens que estavam incapazes de ir às celebrações durante o dia.

Os relatos de Padre Vicente pontuam que o religioso sofria preconceito por parte do sociedade considerada mais conservadora do município de Brusque, que demonstrou ficar assustada com a aproximação do padre com travestis e as parcelas viciadas da sociedade, bem como pelo fato de frequentar bares durante a noite em busca de jovens. De acordo com padre Vicente, pessoas afirmavam não se identificar com o padre, que desempenhava conversas com jovens e os atraia até as missas.

Na missão, padre Léo difundia que o amor é a única força que se mostra capaz de modificar as pessoas, demonstrando possuir uma imensa capacidade de ver melhores características naqueles que já haviam perdido tudo frente à marginalização e as drogas.

Beatificação solicitada pela população

De acordo com padre Vicente, muitas pessoas, com a inclusão de religiosos o bispos, realizaram o incentivo para que a comunidade entrasse com o pedido de beatificação de padre Léo, o que pôde ocorrer após a realização de um processo de discernimento interno.

Ele afirma, ainda, que estavam retomando a vida na comunidade após o falecimento do sacerdote, recolhendo graças, guardando e vivendo de modo interno frente a comunidade e, com o tempo passando, as graças foram aumentando.

O pedido foi feito e, à primeiro passo, foi autorizado através de dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo de Florianópolis, recebendo, também o aval do Vaticano, com a data oficial da abertura do processo sendo anunciado no dia 8 de dezembro, momento de que Padre Léo completaria o total de 29 anos de sacerdócio.

Não Parando por aí, padre Vicente ainda acrescentou que, ainda nos dias de hoje, é algo comovente o modo que as pessoas tratam o falecido sacerdote, demonstrando possuir uma grande intimidade e dizendo que padre Léo pôde mudar suas vidas. De acordo com padre Vicente, o que mais lhe impacta são os testemunhos de conversão, dizendo que o religioso possuía o dom de tocar todas as faixas etárias, com a inclusão de mulheres, homens, pessoas do campo, da cidade, as parcelas letradas e mais simples da população, além de pessoas de outras denominações religiosas.