Pedro Bial apareceu recentemente num documentário sobre o “Big Brother Brasil” e, como sempre, não se conteve. O cara soltou o verbo ao criticar a forma como a produção do programa lidou com a participação de Ariadna Arantes na 11ª edição do reality. Segundo ele, a estratégia da emissora foi bem questionável, ao colocar Ariadna dentro da casa e criar aquele suspense sobre a identidade dela.
Na visão do Bial, o que o programa fez foi basicamente um jogo. Eles colocaram a Ariadna ali, com o mistério de que ela não era apenas uma mulher, mas uma mulher trans, e deixaram o público tentar descobrir isso. A ideia era gerar curiosidade e uma certa expectativa sobre o que ela realmente era, quase como se fosse um enigma. E ele apontou que isso, na época, era visto como uma forma de engajamento, mas hoje, com a evolução do pensamento, seria algo inaceitável.
Ariadna, por outro lado, também deu sua versão sobre o que aconteceu. Ela revelou que, de fato, foi uma escolha dela manter sua identidade trans em segredo por um tempo dentro da casa. A influenciadora digital explicou que não queria se definir logo de cara, preferiu deixar pra falar sobre sua transsexualidade quando sentisse que era o momento certo. Ela ainda contou que teve algumas conversas privadas sobre isso, com o Daniel Rolim e o Lucival Nascimento, dois participantes do programa, mas manteve a questão guardada até quando achou necessário.
O que ela também percebeu é que o Brasil, naquela época, ainda estava muito preso a certos preconceitos. Ariadna mencionou que o público queria saber tudo sobre ela, mas, ao mesmo tempo, não estava pronto para conviver diariamente com a presença de uma mulher trans dentro do programa. Ela sentiu que a forma como o “BBB 11” lidou com sua participação não foi justa, e o preconceito a fez ser eliminada já na primeira semana. Segundo ela, as pessoas não estavam preparadas para isso e não queriam ver, de fato, o que ela tinha a oferecer.
E claro, o Bial, sendo quem é, não deixou barato e falou o que pensava sobre o tratamento dado à Ariadna. Ele frisou que a forma como a produção abordou a questão de ela ser trans foi muito superficial, quase como um truque para manter o suspense. Ele lembrou que, naquela época, essas atitudes eram vistas como uma estratégia, mas que, hoje em dia, seria completamente inaceitável. O Brasil já passou por um processo de amadurecimento em relação a questões de gênero e identidade, e Bial acredita que, com o tempo, a sociedade evoluiu para uma postura mais respeitosa e consciente sobre esses temas.
Ariadna também não deixou de expressar seu sofrimento pessoal, destacando como foi difícil lidar com o preconceito e como o programa, em vez de ser uma oportunidade de transformação, acabou sendo mais um reflexo das dificuldades que ela já enfrentava fora da casa. Ela falou que o “Big Brother” foi uma chance de mudar sua vida, mas, ao ser eliminada tão cedo, sentiu que essa oportunidade foi roubada dela. “Eu sabia o quanto essa chance poderia ser a virada de chave na minha vida, mas o preconceito falou mais alto”, disse ela.
Em resumo, a crítica de Bial e o depoimento de Ariadna mostram como o “BBB” estava muito distante de ser um ambiente acolhedor e inclusivo na época. Eles foram apenas peças de um grande jogo, e o tratamento dado à questão trans foi um reflexo de uma sociedade ainda engatinhando na discussão sobre diversidade e respeito. Hoje, a história é outra, e, felizmente, mais gente tem se dado conta de que é preciso agir de maneira mais sensível e justa.