A Cultura do Estupro nas Faculdades de Medicina: Um Debate Necessário
Recentemente, um grupo de estudantes da Faculdade Santa Marcelina se viu no centro de uma polêmica ao posar para fotos ao lado de um bandeirão que continha uma frase de conotação violenta, relacionada ao crime de estupro. Essa situação gerou uma onda de indignação e protestos, especialmente por parte do Coletivo Francisca, um grupo feminista formado por alunas e ex-alunas do curso de medicina da instituição.
O Contexto da Denúncia
A Secretaria da Segurança Pública se manifestou, afirmando que a 8ª Delegacia de Defesa da Mulher está disponível para receber denúncias relacionadas a casos como esse. O caso, que ocorreu no dia 17 de março, foi alvo de um protesto organizado pelo Coletivo Francisca, que fez uma denúncia formal à direção do curso de medicina.
A frase estampada no bandeirão faz parte de um antigo “hino” da atlética da faculdade, que foi banido em 2017 devido a seu conteúdo extremamente machista e sexualizado. O coletivo denunciou que, além de ser violento, o hino fazia alusões a relações sexuais forçadas e ofensas a mulheres, incluindo referências a membros da igreja que compõem o corpo docente da instituição.
O Papel das Atléticas
As atléticas, que são grupos formados por estudantes universitários para promover atividades esportivas e sociais, têm um histórico de gerar controvérsias devido a suas práticas e hinos que frequentemente incluem insultos de natureza sexual, homofóbica e machista. No caso da Faculdade Santa Marcelina, as integrantes do Coletivo Francisca afirmaram que o ato de exibir o bandeirão poderia ser interpretado como uma apologia ao estupro.
A Resposta da Faculdade
Após a manifestação, a Faculdade Santa Marcelina se posicionou publicamente, reconhecendo a participação de alunos do curso no episódio e anunciando o início de um procedimento de sindicância interna para apuração dos fatos. A instituição se comprometeu a punir os alunos envolvidos, com medidas que podem incluir advertências, suspensão e até expulsão do curso.
Reflexões sobre a Cultura do Estupro
Uma ex-aluna, que preferiu não se identificar, expressou sua indignação, dizendo que está “cansada dessa cultura do estupro dentro da medicina”. Para ela, a repetição de tais hinos e a normalização de comportamentos agressivos refletem uma mentalidade que persiste nas faculdades de medicina, onde rituais de passagem e trotes degradantes se tornaram comuns.
Ela ressaltou que, mesmo com os avanços promovidos pelo coletivo, a recente manifestação evidencia que ainda há muito trabalho a ser feito. “Um hino que foi banido há 8 anos voltou a ser entoado, mostrando que essa cultura ainda está muito presente”, lamentou.
Hinos e Comportamentos Inadequados
Os hinos das atléticas, comumente utilizados em eventos esportivos, frequentemente têm letras que provocam e constrangem adversários. No caso da atlética da Santa Marcelina, o hino já havia sido alvo de críticas em 2017 e, após grande repercussão, foi banido. No entanto, trechos que fazem alusão ao estupro e a comportamentos sexistas ainda ressurgem, como evidenciado pelo recente incidente.
- Exemplos de letras de hinos incluem expressões de teor sexual explícito e ofensas a mulheres.
- O coletivo Francisca tem sido ativo na luta contra esses comportamentos, mas ainda enfrenta resistência e indiferença.
Outros Casos Similares
Este não é um caso isolado. Em 2023, estudantes da Universidade Santo Amaro (Unisa) também geraram controvérsia ao simular atos sexualmente explícitos durante um campeonato. Esse incidente resultou na expulsão de cinco alunos. Esses exemplos ressaltam a necessidade urgente de uma discussão mais ampla sobre a cultura do estupro nas faculdades.
A Importância de Denunciar
O Coletivo Francisca continua a lutar por um ambiente seguro e respeitoso dentro da faculdade. Eles acreditam que a denúncia e a pressão sobre a administração da faculdade são essenciais para garantir que os responsáveis sejam responsabilizados por seus atos. A lei estadual que proíbe trotes que envolvam coação e humilhação é um passo na direção certa, mas sua implementação ainda requer vigilância e ação.
Conclusão e Chamada à Ação
É fundamental que todos nós, como sociedade, nos unamos contra a cultura do estupro e os comportamentos machistas nas instituições de ensino. A educação é a chave para a mudança, e as vozes do Coletivo Francisca devem ser ouvidas. O que você pensa sobre essa questão? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões sobre como podemos juntos criar um ambiente mais seguro e respeitoso para todos.