Quem foi o miliciano cuja morte provocou 35 incendios em ônibus?

A zona oeste do Rio passou por uma tarde de pânico na última segunda-feira. 35 ônibus e um trem foram incendiados. Essa foi a reação de um grupo miliciano do Rio de Janeiro à morte de Matheus Silva, conhecido como Tetéus e Faustão. 

A morte do miliciano aconteceu em um confronto com a polícia pela manhã em uma favela dominada pelos criminosos. Silva era o segundo em comando na hierarquia da milícia. 

 

Com apenas 24 anos, Matheus já era o “senhor da guerra” da milícia liderada por Luís Antônio. Segundo o Governador do Rio, Claudio Castro, “Matheus era o responsável por unir milícia e tráfico, criando as narcomilicias”.

O Governador aproveitou para afirmar que a polícia não vai parar até colocar atrás das grades os maiores milicianos do Rio, conhecidos como Abelha, Tandersa e Zinho.

Segundo estimativas da polícia, a milícia que comanda a zona oeste, arrecada em média 10 milhões por mês, com cobranças por oferecer segurança privada, venda de água, sinal de internet e botijão de gás.

Teteus estava sendo preparado para substituir Zinho, que  está para assumir outra milícia que pertenceu a seu irmão Wellington. 

Matheus foi o responsável pelas ações armadas da milícia, seu nome estava elencado no portal dos procurados 

Em setembro, Resende foi acusado pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) de participar do homicídio do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, que foi executado em agosto de 2022 na zona oeste do Rio. 

Jerominho, que era ex-policial civil, foi preso em 2007 por ser o fundador da Liga da Justiça, a organização criminosa de milicianos atualmente liderada por Zinho. Ele cumpriu 11 anos de prisão.

De acordo com o Ministério Público do Estado do Rio, Jerominho pretendia reassumir o controle da milícia e, por isso, foi eliminado pelos aliados de Zinho, entre eles o sobrinho assassinado nesta segunda-feira.

Após o assassinato de Resende, uma onda de violência se espalhou pela cidade, com dezenas de ônibus sendo queimados e depredados. 

Segundo o sindicato das empresas de transporte, nunca houve um ataque tão grande ao sistema de ônibus do Rio. Ao todo, foram afetados 20 ônibus municipais, cinco do BRT e dez de serviços especiais.

Além disso, pneus foram queimados e carros foram usados para bloquear as principais vias da cidade. Por causa dos ataques, 32 escolas suspenderam as aulas.

 

O governador anunciou que os 12 homens presos por envolvimento nos ataques serão transferidos para presídios federais em outros Estados, por cometerem “atos terroristas”.

As milícias no geral são grupos que dominam as comunidades por meio da contenção dos direitos básicos. Eles criam suas próprias regras e por meio da força exercem seu poder. Recursos básicos como segurança, água, gás, e acesso à informação ficam nas mãos desses criminosos e eles repassaram para o povo com o valor que acharem melhor.

As milícias passaram a dominar as favelas no momento em que a presença do Estado se fazia mínima na região. A retomada de poder por parte do governo é um caminho escolhido para reduzir a forte influência desses poderes paralelos nas comunidades.

Mais represarias por parte dos criminosos são esperadas pelo governo, que já prepara medidas de prevenir os ataques criminosos.