A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, gerou comoção nas redes sociais e levantou uma questão delicada: quem paga pelo traslado do corpo em casos assim? Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro não vai cobrir os custos. Isso porque, conforme explicações dadas nesta quarta-feira (25/6), não existe previsão legal nem orçamento reservado pra esse tipo de despesa.
“Não há base legal nem dotação orçamentária para o Estado custear traslados”, afirmou o Itamaraty, reforçando que, nesse tipo de situação, a responsabilidade recai sobre a família da vítima. Ou seja, os parentes de Juliana terão que arcar sozinhos com todas as despesas de repatriação do corpo.
Essa posição é respaldada pelo Decreto nº 9.199/2017, que trata da assistência consular oferecida pelo Brasil a seus cidadãos no exterior. De acordo com esse decreto, o serviço consular não inclui gastos com hospitalização (exceto em casos humanitários urgentes), muito menos com sepultamento ou transporte de corpos de brasileiros falecidos fora do país.
O que aconteceu com Juliana?
Juliana era jovem, cheia de planos, e estava fazendo um mochilão pela Ásia – um sonho de muitos brasileiros que decidem explorar o outro lado do mundo. Ela estava numa trilha no vulcão Rinjani, em Lombok, com outros turistas, quando sofreu o acidente no sábado (21/6). Durante a caminhada, ela escorregou e acabou caindo numa vala. Segundo relatos, ela parou cerca de 300 metros abaixo do ponto onde estava o grupo.
A princípio, chegou a circular a informação de que ela teria sido socorrida logo após o acidente. No entanto, a própria família de Juliana negou essa versão. De acordo com eles, ela ficou quatro dias esperando por resgate – um tempo absurdo, levando em conta que se tratava de uma emergência.
A situação ficou ainda mais crítica quando, na segunda-feira (23/6), as buscas foram temporariamente suspensas por causa do mau tempo na região. As condições climáticas impediram o avanço das equipes, o que só aumentou o desespero da família, que acompanhava tudo à distância, aqui no Brasil.
Na terça-feira (24/6), veio a notícia que ninguém queria receber: Juliana foi encontrada sem vida.
Corpo foi retirado do vulcão nesta quarta
Na manhã desta quarta-feira (25/6), horário de Brasília – já era noite na Indonésia –, as equipes conseguiram finalmente retirar o corpo da jovem. A operação envolveu não só os profissionais locais, mas também voluntários que ajudaram na difícil tarefa de acesso à área onde Juliana caiu.
Agora, a dor da perda se junta à preocupação com os custos para trazer Juliana de volta ao Brasil. Uma campanha online chegou a ser organizada por amigos e familiares para arrecadar fundos, já que o valor do traslado internacional costuma ser bastante alto – e, como o governo deixou claro, não será possível contar com ajuda oficial.
Esse caso escancara uma realidade que muitos brasileiros desconhecem: viajar para o exterior, especialmente para locais mais remotos ou com riscos naturais, exige não apenas preparo físico e emocional, mas também financeiro. E nem sempre se tem noção dos custos que podem surgir numa tragédia como essa.
Infelizmente, Juliana agora vira mais um nome numa lista triste de brasileiros que perderam a vida fora do país – e cujas famílias ainda precisam lidar com a burocracia e os custos da despedida.