Compreenda os motivos que levaram à tragédia em que José Bezerra de Menezes e Luciana Bezerra perderam a vida devido à intoxicação por monóxido de carbono em uma mansão situada em um condomínio em Guarujá (SP). Especialistas em química explicaram ao G1 o funcionamento desse gás em ambientes fechados.
O filho do casal que tristemente faleceu devido à intoxicação por monóxido de carbono em uma mansão em Guarujá, no litoral de São Paulo, conseguiu sobreviver ao vazamento de gás, pois não estava no mesmo espaço que seus pais. Além dele, outros funcionários estavam presentes na residência. Especialistas em química, entrevistados pelo G1 nesta segunda-feira (11), explicaram como essa substância age em ambientes fechados e ao ar livre.
O empresário José Bezerra de Menezes e sua esposa, Luciana Bezerra, foram descobertos sem vida pelo filho deles, Rodrigo Passos Bezerra de Menezes, de 27 anos, que ficou surpreendido quando seus pais não compareceram para o café da manhã. O casal foi encontrado no quarto da mansão, onde também estava a cadela da família, que infelizmente também faleceu.
De acordo com informações da Polícia Civil, a causa do óbito foi a intoxicação por monóxido de carbono, originada de um vazamento de gás decorrente de um cano danificado na área de “casa de máquinas” da residência.
O delegado que lidera as investigações, Fabiano Barbeiro, da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, esclareceu que o quarto do casal estava localizado no piso térreo da casa, adjacente à sala de máquinas que abrigava os equipamentos do sistema hidráulico da mansão. Ele explicou: “A separação [entre o quarto e a sala] é feita pelo banheiro. […] Uma parede vizinha à outra”.
As autoridades policiais consideram a possibilidade de que, devido ao cano danificado, os gases tenham se acumulado no teto da área, criando uma camada densa e expansiva, que posteriormente ingressou na suíte do casal através de pequenas aberturas.
O químico com doutorado em Ciências da Saúde e pesquisador no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas da UniSantos, Hirochi Yamamura, esclareceu que o monóxido de carbono representa um perigo em ambientes fechados, ou seja, com ventilação limitada.
“Se a porta do quarto estivesse aberta, é provável que [o casal] não teria perdido a vida, pois ainda haveria circulação de oxigênio”, afirmou ele. De acordo com Yamamura, isso explica por que o filho do casal e os funcionários da residência não foram afetados pelo gás.
De acordo com Élio Lopes, especialista em química e mestre em Engenharia Urbana, o monóxido de carbono não apresenta perigos quando exposto à atmosfera. No entanto, em ambientes fechados, ele se torna insidioso para as pessoas, pois é incolor e inodoro, mas inflamável.
“A pessoa não consegue perceber que está sendo intoxicada. Ela entra em um sono profundo, sem sentir dor ou qualquer desconforto. Eventualmente, adormece e sucumbe porque o gás é absorvido pelo corpo através dos pulmões,” enfatizou Lopes.
O especialista esclareceu que, após ser inalado, o monóxido de carbono entra na corrente sanguínea. “Assim, ele começa a competir com o oxigênio, que é o que respiramos. Isso resulta na formação da carboxihemoglobina, o que significa que a quantidade de hemoglobina disponível para transportar o oxigênio no corpo é reduzida, levando à morte por falta de oxigênio,” destacou ele.